23 junho 2007

:: eu acredito em duendes ::

Quando anunciaram que “Volta”, o novo disco de Björk, vinha com algumas faixas produzidas pelo hypado Timbaland, as reações foram as mais estranhas... teve gente que adorou, quem odiou, os curiosos e claro, aqueles que não estavam nem ai...

Timbaland é o cara que todo mundo quer pagar um drink nas festas... o grande responsável pelo sucesso de Justin Timberlake, Nelly Furtado, Missy Elliot, Jay-Z, entre outros que receberam sua produção e a injeção de batidas econômicas, sincopadas e hipnóticas que revolucionaram uma bela fatia do mercado pop e do hip hop... e Björk firmou sua carreira em não ter o menor limite com suas composições, usando as vírgulas que separam o rock, pop, eletrônico, experimentalismo, como o quintal de casa... além de trabalhar com algumas figuras renomadas em diferentes gêneros... desde o arranjador carioca Eumir Deodato, Thom Yorke, Spike Jonze (diretor de “Quero Ser John Malkovich”) e Michel Gondry (diretor de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”), para formar uma frente de trabalho que chega como uma avalanche em diferentes manifestações... nessa soma ainda entram vários colegas, parceiros e conhecidos espalhados pelo mundo que sempre dão um ar “universal” nas obras da pequena islandesa...

... e agora chegou T. Mosley, mais conhecido como Timbaland....

Confesso que quando soube que o primeiro single de “Volta” era “Earth Intruders”, fiquei decepcionado... acho um saco quando músicos levantam bandeiras ecológicas e saem por ai pregando mensagens verdes e despoluídas.... ainda mais quando anunciaram que o disco vinha mais “pop”.... mas subestimei a duende... O trabalho mantém sua conquista com letras vindas de um universo ímpar, onde elementos fantasiosos são misturados com noções mais urbanas e dão um tom único... “Earth Intruders” é uma das três faixas produzidas por Timbaland (além de “Innocence” e “Hope”), e a união destes opostos musicais já era esboçada há algum tempo... a ligação inicial entre eles aconteceu na admiração mútua pela música oriental, em especial a árabe... o trabalho de Mosley está bem diferente do usual e a única pista que ele dá é em “Innocence”... mais dançante e com os mesmos ruídos que você ouve por ai nas músicas de Shakira, Beyonce, Britney... mas estamos falando de Timbaland e Bjork... isso basta...

Björk – “Earth Intruders”




O conceito de “Volta” transborda nas mixagens e transições entre as faixas... abre com o som de uma marcha em “Earth Intruders” que descamba como uma sinfonia de buzinas marítimas de navios que soam como o canto de gigantescas baleias mecânicas... o som de espera em um telefone com um clima de praia, porto... além de ondas e pesadas orquestrações... essa sensação permanece por todo álbum... a urgência em lançar esse disco surgiu depois que Björk e seu marido, o diretor Matthew Barney, fizeram uma viagem de barco e passaram um tempo na Tunísia, Caribe e Flórida... em 2006 ela atuou como embaixadora da UNICEF, e visitou boa parte da área devastada pelo tsunami na Indonésia (todos elementos que parecem montar o quebra-cabeça da forte presença da água no disco)... desde então ela já tinha idéias para uma meia dúzia de novas letras e composições.... nascia o “Volta”...

Além de Timbaland, vários outros convidados emprestam seus talentos no disco... Antony Hegarty (do grupo Antony and the Johnsons), o grupo congolense Konono No 1 (que se apresentou no Brasil ano passado), a chinesa Min Xiao-Fen, do Mali veio Tounami Diabaté e assim vai...


:: Mas salvar o mundo deve ser um saco... e nem tudo é paz e amor…. se você acha que só os clipes da Björk são diferentes e inesperados... precisa ver seu comportamento em algumas entrevistas....




… “talvez fosse o jetlag”…

Esse texto faz parte da 7º Combo (e o frio islandês chega na cidade de Lynch...), publicado dia 01/06/07 e que você pode ler na íntegra clicando aqui

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