06 janeiro 2007

caminhos paralelos


Tá certo. Em meio as mais absurdas teorias e justificativas para tentar apontar erros e acertos no jornalismo musical, alguns detalhes ou simples observações acabam mudando completamente o rumo das discussões...

Na introdução do livro "The Da Capo Book of Rock & Roll Writing", Clinton Heylin - organizador da coletânea que reúne as principais críticas músicais escritas - dá uma pincelada em um fato meramente ilustrativo, mas que merece ser aprofundado...

O jornalismo musical como conhecemos (sem contar as críticas e ensaios dedicados à música clássica presentes desde os primórdios das publicações do gênero), nasceu com o rock'n roll. Óbvio, né? Segundo ele o primeiro fanzine surgiu em meados da década de 60 e para uma alternativa dessas ter início cerca de dez anos depois que Chuck Berry incendiou as pistas de dança, dá para imaginar em que pé andava a crítica musical daqueles anos.

Mas não é este o foco. A idéia é igualar os papéis. A imprensa musical e a música pop dependem uma da outra, e nasceram juntas. Continua óbvio e redundante, certo? Então por que insistem em apontar diferentes caminhos e vertentes para a música, obrigando o artista a: a) ser comercialmente viável, b) ser original, c) revolucionar, d)experimentar, e) n.d.a. ou todas elas?

Jovens músicos surgem com a pressão de apresentar um trabalho novo e criativo, pensando em agradar e chamar atenção de um jornalismo acomodado, quadrado e que envelheceu antes da hora. A pressão deveria ser dos dois lados. Assim como a música tem "n" caminhos para experimentar, melhorar e se renovar, o jornalismo musical também. Seja ele "maravilhado e hypado" com as novidades ou ainda preso no lead e sub-lead.

Parece uma idéia de militante-neo-hippie-que-não-entende-o-sistema... longe disso. É só uma maneira de equilibrar a relação. Já que ambos têm a mesma idade e um depende do outro para sobreviver, qual o problema em equilibrar a história? Só não vale nivelar por baixo, ou levar em consideração o caráter comercial... porque de textos à altura do trabalho dos "CPMs 22" e "Pittys" da vida, nós já estamos saturados.

Nenhum comentário: