Fim (?)
é... já era mixtype... que venha o subtropicalia!
valeu... e boa viagem
9 dias e 22 shows
To nessa marca hoje... Mas cansei... pacas...
Pernas doendo, só comendo merda, cerveja nao faz mais efeito, marca de sol só no pescoço e braços, perdido no jetlag... e como diz o Chico, "vc parece uma menina viajando"... hahahahaha! Mas ja é a grana mais bem investida em tempos... essa semana o ritmo continua pesado... tem Hercules & Love Affair, Festival All Points West (Radiohead de novo)...
(Só hoje que eu tirei para ficar de bobeira.... rola Black Rebel Motorcycle Club daqui a pouco. Nao vou, to numa puta preguiça e vou me arrepender muito depois porque nao fui...)
mas...
só fiquei neste jeito estragado de ser, porque...
Supergrass, Webster Hall / 30-07 - baaaaaahhhhhhhhh!!!!!! Perdemos o show de abertura com o Duke Spirit!!! Mas o Supergrass foi foda! Alias... o Webster Hall é fodao! Imagina uma mistura do Tuca (o Teatro da Puc) com o 92 graus! Sensacional... estrutura bacana, transmissao ao vivo dos shows em teloes, climao...
Para variar o Supergrass funciona super bem ao vivo... em alguns momentos (alias, em vários) o trio vai bem melhor do que a formaçao em quinteto (se bem que o tecladista manda super bem! tiveram um cuidado maior com a levada dele, e ao vivo o som do supergrass fica gigantesco)... O repertório foi todo em cima do excelente disco "Diamond Hoo Ha", com direito a alguns clássicos do início da carreira deles.... e NAO, eles não tocaram "Allright"...
Final do show do Supergrass... Toca ir pra casa arrumar as coisas! O vôo para Chicago estava marcado para as 6h da manha, ou seja, la pelas 3h30 ja tínhamos que estar espertos.... então...
Passada a burocracia gigantesca com os vôos domésticos norte-americanos - sabe aquele filme "Virando a Banca" (ou "Quebrando a Banca", sei la...), tem uma cena quem mostra o gurizão tentando passar pelo detector de metais com milhões de dolares na cueca... é esse o esquema! Tira tenis, cinto, artigos de higiene, isqueiros e o que mais for estranho... - mas passada tal burocracia, pegamos o vôo certinho...
Chicago tem o fuso uma hora a menos que Nova York.... 2h em relação ao brasil... coloca ai a confusão de sair de casa as 3h30 da manha, o fato de anoitecer as 21h em chicago e algumas noites mal-dormidas acumuladas.... pronto... passei o final de semana zuado... o que eram 10h da manha para mim, ja passavam das 14h no horario local... (e esse foi meu lado menininha falando, valeu chico?!)
A cidade é linda, mas logo de cara rola um "choque"... Perai: esta é minha primeira vez nos EUA, e a última coisa que tem em Nova York, são os "americanos tipicos"... justamente eles que encontrei em Chicago...logo na ida de trem para a cidade, todos os carros ao lado tinham motoristas que utilizavam o banco de passageiro como... mesa. Deixavam lá seu café e bagels para serem devidamente consumidos durante o trajeto.... e isso é o menor dos detalhes destes "americanos tipicos"...
Chicago esta mais bombada do que o normal durante o Lollapalooza, as atenções estão divididas por causa as gravaçoes do "Dark Night"... a cada esquina que você vira, tromba com algum set de filmagem do Batman... e o que nao faltam são turistas celebrando isso...
Me enrolei falando isso tudo e agora bateu preguiça de falar sobre o Lollapalooza... sim, preguiça porque estou de férias! Deu para sentir que meu texto esta longe de ser um relato jornalistisco, né? Pois é... amanha eu continuo... mas para nao sacanear quem leu até aqui, segue a lista de shows que eu vi e vou comentar no proximo post:
Lollapalooza 2008
sexta: Yeasayer, The Kills, Black Keys, Cat Power, Bloc Party, Stephen Malkmus & The Jicks e Radiohead
sábado: MGMT, Explosions In The Sky, Jamie Lidell, Battles, Sharon Jones & The Dap Kings, Rage Against The Machine
domingo: Eli "Paperboy" Reed & The True Lovers, um pouco do G Love... mais um pouco do Blues Traveler, Gnarls Barkley, Mark Ronson, Kanye West (sem Obama, baaaah)
E ai a vista de um dos palcos do Lolla (acho que era durante o show do Bloc Party)... emoldurado pela cidade....
Bon Iver - Bowery Ballroom / 29-07-08
uou... muita poeira por aqui!
vamos voltar com uma atualizaçao mais esperta neste espaço...
Ontem rolou o show do Bon Iver no Bowery Ballroom (NYC)... Ele consegue ir de Coldplay a Sigur Ros com um toque.... vai aos extremos com levadas tranquilas e bonitinhas que se transformam em paredoes de distorçao e caos.... funciona muito bem ao vivo, melhor do que eu esperava e exatamente no clima que paira por todo o Brooklyn neste verao.... pelo menos aqui os anos 80 acabaram ano passado (em partes, né) e o que rola pelas ruas de Williamsburg mais parece uma celebraçao hippie pós-moderna.... sim, estranho pacas mas a primeira impressao é essa (dá um desconto, vai... cheguei domingo por aqui!)
voltando ao Bon Iver.... o show inteiro foi com as composiçoes de seu primeiro disco "For Emma, Forever Ago"... Justin Vernon é o grande cabeça da historia e ate brincou com isso dizendo " temos que tocar todas as musicas do disco... nada de novo... desculpa ai gente, ser headliner sem ter muito repertorio dá nisso.."
segue um trecho que eu peguei da faixa "Skinny Love"... logo no começo do show e mesmo sendo o grande sucesso deles, foi a mais "mais ou menos" da noite....
fofa a menina que antecipou o refrao.... mas o silencio era tao grande que dava para ouvir o som do ar-condicionado...
***
hoje rola Duke Spirit e Supergrass em Webster Hall.... e o destino de amanha é Chicago... que venha o Lollapalooza!!!
Agora é a hora de falar sobre eles e poder comemorar a confirmação da apresentação do grupo no Brasil... e em Curitiba (ou “Curitaba”, como saiu no site da banda)... porque enquanto estamos no terreno das especulações, é um saco... se fosse assim o Radiohead teria feito um show por ano no país, desde o lançamento do “The Bends”...
Confirmados para outubro no Tim Festival, junto com The Killers (esses ai não merecem muita festa) e Juliette & The Licks (clap clap clap!), o Arctic Monkeys abre a sangrenta corrida por atrações de peso para os festivais do segundo semestre... “abre” é relativo, já que as negociações nos bastidores são mais sangrentas ainda.... mas já foi... ou “já é”...
É hora de sentar e olhar com calma para esse grupo com integrantes na faixa dos 21 anos, entender o hype todo e seu contexto... pensar por que diabos vale a pena assistir um show desses....
Resposta rápida: Vale...
Motivo? Hum...
Você lembra o que estava fazendo no Natal de 2001? Provavelmente se empanturrando de comida, festas, presentes, praias, bebedeiras.... Enquanto isso dois jovens ingleses que moravam no bairro High Green, subúrbio de Sheffield, começavam a articular um sonho de dominação mundial com suas recém adquiridas armas dadas pelo Papai Noel... duas guitarras. Na época os vizinhos Alex Turner e Jamie Cook tinham 15 anos, não sabiam tocar uma nota, mas queriam montar uma banda... Andy Nicholson já tocava baixo e entrou na história, junto com Matt Helder que comprou uma bateria justamente por ser o único instrumento que faltava.... a inspiração estava nos Strokes, Oasis, The Vines, Coldplay e... no hip hop (eram super fãs)
Glyn Jones foi um possível quinto elemento da formação inicial, que assumiu os vocais da banda e começou a estimular a peculiar veia compositora de Turner... mas saiu antes do sucesso, alegando falta de disciplina com o grupo.... assim o jovem caladão Alex Turner seguiu como vocal, guitarrista e o principal compositor do Arctic Monkeys (que pelo visto na época tinha o nome de Bang Bang)... A mãe de Turner é professora de piano, e seu pai professor de alemão (se eu não inverti as funções...mas os pais de todos acompanham os shows até hoje) e ele era o completo oposto desse possível símbolo sexual teen que é atualmente.... magrão, estabanado e quieto (vale reafirmar isso), trabalhava em um bar e acompanhava de perto os erros e acertos do cenário independente da região...
O grupo tem seu valor por ser um dos primeiros (e talvez únicos) nomes que são frutos assumidos da geração 2000, que chegaram ao mesmo patamar de seus ídolos (se é que não ultrapassaram... mas pensar assim é compactuar com o “hype”, arght...). Desde o início assumem uma postura cínica e irônica em relação ao sucesso, deixam claro o total desapego em todos os detalhes envolvidos na construção de um “rockstar”... desde o material de divulgação, apelo comercial, firulas nos palcos, até comentários do tipo “sou novo e tudo isso é ótimo... mas se acabar não vai fazer muita diferença... não sou velho e não tenho compromisso com contas, família...” (Turner) ou “eu não me vejo fazendo isso por muito tempo... então não vou me preocupar” (Jamie Cook tendo um surto de Mick Jagger)... comentários que vocês podem encontrar em diversas entrevistas espalhadas pelo You Tube...
...aliás, um os maiores problemas deles é com a mídia... não gostam de dar entrevistas, não são nem um pouco polidos (até com a New Musical Express, o principal responsável pelo hype) e fazem questão de carregar no sotaque do norte.... Alex Turner falando parece o Brad Pitt em “Snatch”.... mas esse comportamento com jornalistas não é de todo estranho... por exemplo, olha o que eles (Turner e Cook) já tiveram que enfrentar...
como é que ainda colocam uma coisa dessas no You Tube?!?!?
Bom... Turner reclama constantemente que a última coisa que ele quer ser é um cara “cool” (eleito até pela NME), essa negação e fuga transformam ele... em um cara cool! Público e mídia adoram essas coisas, e são alimentados por posturas assim... ainda mais com as temáticas populares, jovens e discursivas de suas letras, regadas a guitarras rápidas e urgentes.... eles conseguiram achar uma característica própria... um estilo... que foge daquele ranço encontrado em diversas bandas britânicas que por mais que sejam novas, parecem datadas e perdidas...
Desde o início foi assim... o som do Arctic Monkeys não mudou muita coisa... suas faixas demos estão perdidas pela Internet e podem ser consultadas... E esse apelo virtual também é meio mal contado... os caras não foram descobertos pelo Myspace, e muito menos o utilizaram como ferramenta de divulgação... A história é que eles distribuíam cópias de suas demos nos shows... e os fãs disponibilizavam para downloads por conta própria... aliás, a página do Myspace deles, foi criada por um fã... os integrantes do AM nem sabiam o que era isso...
- “I Bet You Look Good On The Dancefloor”, gravado no Coachella deste ano…
A faixa “I Bet You Look Good On The Dancefloor” foi o primeiro hit de sucesso deles lançado em 17 de outubro de 2005, e logo de cara bateu Sugababes e Robbie Williams quando apareceu em primeiro lugar nas paradas de sucesso britânicas, seguida por “When The Sun Goes Down”. O disco “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not” foi lançado em janeiro de 2006 e bateu recordes na terra da rainha por ser o disco debut que mais vendeu em pouco tempo... quase 364 mil cópias em uma semana... Três meses depois lançaram o EP “Who The Fuck Are Arctic Monkeys?” alegando que estavam ficando entediados com as músicas de trabalho e precisavam de material novo... essa altura do campeonato eles já eram conhecidos em todo o globo, com direito a títulos de “salvadores do rock” e outras forçadas messiânicas...
No meio do caminho o baixista Andy Nicholson abandonou o grupo alegando fadiga pelas extensas turnês... quem assumiu seu posto foi outro colega de escola, Nick O’Malley que teve dois dias para pegar todas as músicas e cair na estrada em uma turnê norte-americana... Em fevereiro deste ano eles voltaram com tudo no disco “Favourite Worst Nightmare” que novamente caiu nas graças do público e crítica e conquistou em abril o primeiro lugar das paradas... com direito a ter as 12 faixas do álbum no Top 200 britânico... A fórmula das músicas é a mesma... mais pesadas e pessoais, com a pegada certa para pular dançar e gritar...
A apresentação no Brasil é imperdível... e a atenção dada a banda também é necessária, afinal a vitória deles é a mesma de um macaco que sobrevive no ártico sem árvores... (ou você achou que esse texto ia acabar sem nenhum trocadalho?)
Este texto faz parte da 8º Combo (from the Ritz to "Curitaba"), publicado dia 22/06/07 e que pode ser lido na íntegra clicando aqui
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Quando anunciaram que “Volta”, o novo disco de Björk, vinha com algumas faixas produzidas pelo hypado Timbaland, as reações foram as mais estranhas... teve gente que adorou, quem odiou, os curiosos e claro, aqueles que não estavam nem ai...
Timbaland é o cara que todo mundo quer pagar um drink nas festas... o grande responsável pelo sucesso de Justin Timberlake, Nelly Furtado, Missy Elliot, Jay-Z, entre outros que receberam sua produção e a injeção de batidas econômicas, sincopadas e hipnóticas que revolucionaram uma bela fatia do mercado pop e do hip hop... e Björk firmou sua carreira em não ter o menor limite com suas composições, usando as vírgulas que separam o rock, pop, eletrônico, experimentalismo, como o quintal de casa... além de trabalhar com algumas figuras renomadas em diferentes gêneros... desde o arranjador carioca Eumir Deodato, Thom Yorke, Spike Jonze (diretor de “Quero Ser John Malkovich”) e Michel Gondry (diretor de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”), para formar uma frente de trabalho que chega como uma avalanche em diferentes manifestações... nessa soma ainda entram vários colegas, parceiros e conhecidos espalhados pelo mundo que sempre dão um ar “universal” nas obras da pequena islandesa...
... e agora chegou T. Mosley, mais conhecido como Timbaland....
Confesso que quando soube que o primeiro single de “Volta” era “Earth Intruders”, fiquei decepcionado... acho um saco quando músicos levantam bandeiras ecológicas e saem por ai pregando mensagens verdes e despoluídas.... ainda mais quando anunciaram que o disco vinha mais “pop”.... mas subestimei a duende... O trabalho mantém sua conquista com letras vindas de um universo ímpar, onde elementos fantasiosos são misturados com noções mais urbanas e dão um tom único... “Earth Intruders” é uma das três faixas produzidas por Timbaland (além de “Innocence” e “Hope”), e a união destes opostos musicais já era esboçada há algum tempo... a ligação inicial entre eles aconteceu na admiração mútua pela música oriental, em especial a árabe... o trabalho de Mosley está bem diferente do usual e a única pista que ele dá é em “Innocence”... mais dançante e com os mesmos ruídos que você ouve por ai nas músicas de Shakira, Beyonce, Britney... mas estamos falando de Timbaland e Bjork... isso basta...
Björk – “Earth Intruders”
O conceito de “Volta” transborda nas mixagens e transições entre as faixas... abre com o som de uma marcha em “Earth Intruders” que descamba como uma sinfonia de buzinas marítimas de navios que soam como o canto de gigantescas baleias mecânicas... o som de espera em um telefone com um clima de praia, porto... além de ondas e pesadas orquestrações... essa sensação permanece por todo álbum... a urgência em lançar esse disco surgiu depois que Björk e seu marido, o diretor Matthew Barney, fizeram uma viagem de barco e passaram um tempo na Tunísia, Caribe e Flórida... em 2006 ela atuou como embaixadora da UNICEF, e visitou boa parte da área devastada pelo tsunami na Indonésia (todos elementos que parecem montar o quebra-cabeça da forte presença da água no disco)... desde então ela já tinha idéias para uma meia dúzia de novas letras e composições.... nascia o “Volta”...
Além de Timbaland, vários outros convidados emprestam seus talentos no disco... Antony Hegarty (do grupo Antony and the Johnsons), o grupo congolense Konono No 1 (que se apresentou no Brasil ano passado), a chinesa Min Xiao-Fen, do Mali veio Tounami Diabaté e assim vai...
:: Mas salvar o mundo deve ser um saco... e nem tudo é paz e amor…. se você acha que só os clipes da Björk são diferentes e inesperados... precisa ver seu comportamento em algumas entrevistas....
… “talvez fosse o jetlag”…
Esse texto faz parte da 7º Combo (e o frio islandês chega na cidade de Lynch...), publicado dia 01/06/07 e que você pode ler na íntegra clicando aqui
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Ser um dos últimos integrantes dos Beatles vivo é uma complicação só.... não tanto pela pressão artística da mídia e fãs, mas muitas vezes pelo desrespeito com que sua obra é tratada.... desde a metade de 2005 até o começo de 2007, Paul McCartney estampa freqüentemente noticias de sites e jornais sobre os mais variados assuntos e fofocas, quem reverberam em seus discos e produções...
As notícias são as mais bizarras... sites de buscas apontam manchetes como “Paul McCartney quer proibir ex-esposa de falar em público”, “Macca sai com antiga namorada de Príncipe Charles”, “Ex-Esposa de Paul McCartney dançará em programa de tv” (!)... e dividem espaço com as bebedeiras de Paris Hilton, a careca de Britney, as bizarrices de Michael Jackson.... o gancho destas fofocas para o trabalho dele são com declarações do tipo “A música ajudou McCartney a superar o divórcio”... qualé?
Já faz um ano que Macca e sua ex-esposa, Heather Mills anunciaram a separação. Ela uma ex-modelo que perdeu a perna no início dos anos 90... ele uma figura que entra sem pedir licença nas casas de todas as pessoas e era exemplo de bom marido e companheiro, em conseqüência de seu longo casamento com a querida Linda McCartney, até sua morte em 1998... terrivelmente amado na Inglaterra...
O processo de divórcio trouxe (e ainda traz) algumas declarações de abusos físicos e maus-tratos sofridos por Mills durante o casamento, deixando tablóides loucos de alegria e Macca extremamente irritado....
Na época do divórcio o ex-beatle vivia uma excelente fase artística, com o lançamento do disco “Chaos and Creation in The Backyard”, lançado em 2006, produzido pelo hypado Nigel Godrich e que apresenta um distinto senhor ligado em sonoridades mais novas, adaptadas ao costumeiro trabalho solo que o acompanha desde a criação da banda Wings, nos anos 70... (Macca tocou e arranjou quase todos os instrumentos utilizados no disco...)
Agora, novamente a avalanche de notícias sobre ele retorna à mídia, com os mais diferentes temas e, graças à falta de assunto, sem muitas linhas dedicadas a sua vida pessoal....
Dia 4 de junho sai seu 21º disco, “Memory Almost Full”, que começou a ser produzido antes mesmo de “Chaos and...” mas finalizado este ano. Três dias antes, em 1º de junho, um dos clássicos absolutos da carreira dos Beatles e de toda a história da música pop, o álbum “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band” faz aniversário de 40 anos... e as festas prometem...
Para completar, “Memory...” é o primeiro disco de Macca fora da Capitol Records, que o acompanha desde os áureos tempos do fab four... ele estréia o selo HearMusic, criado pela rede de cafés Starbucks (a princípio o selo seria chamado de “Starbucks Records”)... prometendo ser uma das maiores sacadas de marketing musical dos últimos anos, e rendendo mais alguns milhões para sua fortuna... em contrapartida a antiga gravadora se prepara para relançar toda sua obra solo, e também disponibilizar as faixas para vendas virtuais...
A edição deste mês da revista Uncut estampa o jovem McCartney na capa, com uma declaração em letras garrafais “Eu queria esquecer os Beatles e começar de novo...” mas calma, esse papo ai é sobre o frustrado projeto que veio logo após a separação do quarteto, a banda Wings, que quase ninguém se lembra ou conhece seus detalhes.... “eu queria deixar de ser grande nos Beatles e experimentar o início novamente.... era como se eu estivesse deixando um emprego bacana para trabalhar nas ruas”.... foi dada a largada para todas as pautas e enfoques possíveis em cima de Paul McCartney... aguardem...
O nome “Memory Almost Full” já dá para tirar algumas conclusões sobre o passado recente de Macca... ainda mais depois de ouvir um dos primeiros singles do disco, a música “Ever Present Past”. Enquanto isso o primeiro vídeo do disco já saiu, a faixa é a “Dance Tonight” e foi exibida pela primeira vez no You Tube, dia 09 de maio... ironicamente eu não a encontrei para linkar aqui... só o vídeo de 30 segundos de divulgação, que não rola né? Portanto vai o clip “fotográfico” de “Ever Present Past”
:: trecho da Combo desta semana, que ainda vem com Heitor e Banda Gentileza, The Go! Team e Stella-Viva... ::
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Pense rápido... qual é a grande surpresa da MPB hoje? O que é novidade... está tocando por ai direto... que todos estejam comentando? MPB... não rock, emo, hard core... Desde a semana passada eu procurei por algumas respostas... todos os nomes que me vinham a mente eram de artistas que tocavam projetos legais e diferentes, mas com 5 ou 6 anos de estrada... novo, novo, nada....
Wado, Curumim, Mombojó, Eddie, Max de Castro, Otto, BiD, Seu Jorge, Orquestra Imperial e vários outros.... já tem suas figuras inseridas no repertório de reconhecimento popular.. pelo menos os nomes, não sei as músicas...
Tá, essa questão toda começou com o fim dos Los Hermanos.... eles foram um dos poucos grupos que conseguiu fazer sucesso relativo, com um trabalho de qualidade e fãs entre roqueiros, o pessoal do samba e MPB....
O começo do milênio ficou marcado por jovens artistas que entoavam antigos coros, mas com nova roupagem... Uso de levadas eletrônicas e arranjos mais contemporâneos para ilustrar rodas de samba que acabou fazendo mais sucesso entre os gringos, do que brasileiros.... as novidades musicais estão pegando fogo, mas não chegam ao quintal de casa...
Alguns já são celebridades lá fora... outros começam a esboçar passagens além de nossas fronteiras... notícias, artigos e críticas em jornais e revistas estrangeiras exaltam a nova fase da música brasileira... você notou alguma mudança? As jovens cantoras Céu, Roberta Sá, Cibelle e Mariana Aydar são usadas como personagens desta nova fase.... conhece elas? Não precisa muita coisa, basta gogglear estes nomes que você pode encontrar uma série de textos falando sobre estas novas vozes femininas...
Condensam de maneira única a experimentação eletrônica do samba e MPB feita no nordeste, com o resgate das rodas de samba e choro no Rio de Janeiro. São econômicas, profundas pesquisadoras de sons e simpáticas...a maioria delas lançou seus primeiros trabalhos entre 2005 e 2006, e hoje colhem os frutos lá fora... Se você quiser acompanhar esta nova fase da MPB, solte o inglês e comece a pensar como gringo...
O lançamento mais recente entre as meninas é o disco “Kavita 1” da cantora paulistana Mariana Aydar lançado em outrubro de 2006... ganhou certo destaque em sua terra por dar nova cara a “Deixa o Verão”, composição de Rodrigo Amarante dos Los Hermanos... você já deve ter escutado...
Aydar (re)descobriu a música brasileira enquanto vivia em Paris... antes ela tinha sido cantora de forró (do bom!) e usufruía de um berço de ouro, com a produtora musical e mãe Bia Aydar, e o músico e compositor do Premeditando o Breque, Música Ligeira, e pai... Mario Manga.
Foi em Paris que ela notou o respeito e a diversidade musical tupiniquim... lá conheceu Seu Jorge que a chamou para abrir alguns de seus shows, e o resto é história....
“Kavita 1” traz uma série de interpretações dela para pérolas compostas por João Donato (“Vento no Canavial”), João Nogueira e Paulo César Pinheiro (“Minha Missão “), Leci Brandão (“Zé do Caroço”), Chico César (“Prainha”) entre outros. A própria Mariana aparece dividindo a autoria da ótima “Festança” junto com o músico Duani que acaba transformando a composição em uma pequena visita e “homenagem” ao trabalho de Antônio Carlos e Jocafi... ótimo.... O disco tem produção impecável de BiD, que soube “sentir” nas faixas os elementos contemporâneos musicais bem inusitados... desde um simples slide de guitarra no meio de uma batucada, até samples e mixagens sem exageros... bem colocados e sentidos...
No último final de semana (4, 5 e 6 de maio), em pleno aniversário de morte de Noel Rosa, ela apresentou um espetáculo com uma série de convidados em São Paulo... Eu poderia linkar aqui o vídeo clipe com a versão de “Deixa o Verão” do Los Hermanos... mas essa gravação de Aydar cantando “Zé do Caroço” ao lado de Leci Brandão, uma das ilustres convidadas destes shows, já fala por si só...
...e os gringos estão bem servidos...
(::: trecho da coluna Combo desta semana, que ainda vem com Homem-Aranha 3, Lobão "Acústico", Justin Timberlake... :::)
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buenas...
Parte do conteúdo da quarta edição da Combo (minha coluna no descubra curitiba)... textinho sobre o Charme Chulo e Supercordas...
:: plantas e lamentos nas caixas de som ::
Mesmo que o tema “rural” esteja presente no conceito destas duas bandas, elas não tem nada a ver... a não ser a pegada pop. Os curitibanos do Charme Chulo vêm rascunhando desde 2004 um relativo reconhecimento, enquanto os cariocas do Supercordas já trilham diferentes caminhos... de terra.
Lembro que a primeira vez que assisti um show do Charme Chulo, no Festival De Inverno de 2004 (não tenho certeza... aquele que foi no Cine), achei interessante as levadas da viola, porém a banda ainda se mostrava “verde” e descontínua mas....
... acaba de ser lançado seu primeiro disco, que leva o nome do grupo e mostra certa unidade no som. Aprenderam a usar a viola como o verdadeiro trunfo e por incrível que pareça chega a chamar mais atenção do que as cambaleantes e mecânicas danças que o vocalista Igor Filus despeja no palco durante as apresentações.
O disco parece traçar a chegada na grande cidade, ou o caminho inverso. O amadurecimento e seus riscos. O início carrega uma inocência explícita nas letras de “Mazzaropi Incriminado”, o hit “Polaca Azeda” e a mais que nostálgica “A Caminho das Luzes Essa Noite” (de onde veio o verso que está no título da coluna... “melancolia do néon”). Funciona em alguns aspectos, mas em outros não convence. Como na composição “Amor de Boteco” que – tenho medo que seja intencional - descamba para um sertanejo meio brega, triste, triste... Não tem como ouvir versos do tipo “Nossas diferenças se vão, no quarto ou naquele colchão”, sem lembrar de Leandro & Leonardo... (“... é que nossas diferenças se acabam no quarto, em cima da cama...”).
“Não Deixa a Vida Te Levar” já instaura uma nova fase. Desta vez a crise deixa de ser amorosa, atinge campos existenciais e a letra é uma das mais “curitibanas” do álbum. A levada oitentista se encaixa com a sanfona que surge no final... e tudo fica bem. A partir daí o clima “maduro” na forma de encarar a vida toma conta das letras, mas traz algumas referências religiosas meio aleatórias, como em “Romaria dos Desvalidos” que apesar disso tem um dos melhores arranjos do disco. Mesmo esquema de “Intriga de Cinco Pessoas” – uma das mais bacanas – que mistura os estilos na medida...
Enquanto isso Supercordas vive em um universo paralelo atemporal, verde e pegajoso… mas com as graças da Bizz, MTV, Trama e até da Capricho... (além de todo aquele bla bla bla para mostrar como a banda está boa – e realmente está)
Eu aprendi a gostar da psicodelia faz pouco tempo. Mas ainda tenho minhas ressalvas... Acho um saco viajar em cima de vários elementos inusitados espalhados por ai, só para criar uma “sensação” nova.... o Supercordas surpreende neste sentido. A viagem é conduzida pelos “seres verdes ao redor” e te convida para um colorido e sinestésico passeio pelo mato, pântano, brejo, mangue... onde existirem sapos, rãs, lagartos, “samambaias, animais rastejantes e anfíbios marcianos”
A ambiência usada em quase todas as faixas, utiliza ruídos e barulhinhos em locais inusitados... como se realmente estivéssemos em um matagal distorcido... Dica: ouça o disco no escuro, ou em uma estrada de noite... entre na onda de “Ricochete” deixe os versos “num caldeirão de esperas / de um ricochete no rio” ecoarem pelos cantos da mente enquanto entra a vinheta “Musgo” que ajuda na assimilação....depois de um longo silêncio na companhia de sapos de estúdio, vem a explosão de energia com “Frog Rock” deixando claro como “é tão bão ficar aqui...”, em uma levada let it bleediana que remete a uma das melhores fases dos Stones... mas com sotaque caipira...
Além de Stones, os Beach Boys, Doors, Mutantes e até a obscura The United States of America dão sua parcela de oxigênio a banda, que mesmo em faixas mais estereotipadas, como a “Mofo” – que lembra aqueles desenhos da Disney – surpreende.
A dualidade entre “Sobre o Frio”, que carrega um elegante pianão limpo e aflora a comodidade em estar... no frio, reforçado com o sentimento de “Sobre o Calor” (de onde surge a segunda referência no título de hoje, “cigarros como estrela”), só mostra como a banda se sente bem congelada no espaço-tempo... “pra não derreter / eu canto esta canção sobre o calor”... a volta a realidade (volta?) acontece no último respiro do coro de “Fotossíntese” que fecha o disco e lembra que “todo ser é planta artificial”...
O melhor é que o álbum “Seres Verdes ao Redor” é extremamente pop e acessível....em relação a todos esses ruídos que estão nas músicas, coloco aqui a resposta que o baixista Valentino deu em um comentário do YouTube... “a música acompanha os ruídos”....
:: Quer ler o resto da coluna, que ainda fala sobre o Blonde Redhead, Prêmio Toddy e Interpol? Então clica aqui!
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Considerado como um dos principais teóricos do movimento surrealista e dono de um respeitável trabalho crítico e poético relacionado às artes-plásticas, o francês André Breton parece ter se precipitado ao definir a produção artística de Frida Kahlo como “surrealista”. A resposta da pintora mexicana veio logo em seguida, revelando o quão reais eram as temáticas de suas obras. Paradigmas estéticos à parte, basicamente essa peculiar realidade é um dos principais elementos que transbordam na peça “Pincéis e Facas” dirigida por Paulo Biscaia Filho.
Realidade. Por mais fantasiosas e “surreais” (por que não, caro Breton?) que fossem as pinceladas de Kahlo, com cenários inimagináveis e personagens únicos, tinham inspirações em histórias reais com pessoas de verdade. “Pincéis e Facas” é baseada em indivíduos presentes em três obras da pintora, “O Suicídio de Dorothy Hale”, “Cristina Minha Irmã” e o destaque da montagem “Unos Cuantos Piquetitos”, que servem como representantes de um possível cotidiano mexicano e nova-iorquino, unidos apesar da distância geográfica, social e política. O enredo conta com dois elos para conduzir estas realidades simultâneas; o famoso feriado “Dia dos Mortos”, comemorado em 2 de novembro no México, e a personalidade marcante de Frida tanto na arte quanto na vida pessoal.
A primeira história retrata o nascimento e morte do caso extraconjugal que o pintor e muralista Diego Rivera, marido de Frida, teve com sua cunhada, Cristina Kahlo. Temas como a relação da pintora com a arte, política, estado de saúde e o casamento, são discutidos entre tímidos flertes e insinuações sensuais dos futuros amantes. O público também tem chance de conhecer os últimos dias de vida da nova-iorquina Dorothy Hale, uma espécie de “nova-rica” e candidata a atriz e dançarina que não suportou viver sem o marido, e se atirou de um prédio.
A terceira passagem é a história do jovem amolador de facas Jesus, que vivia às magoas da morte de sua esposa (associada a uma importante passagem na vida de Frida), e acaba acidentalmente envolvido com um casal no ápice da crise emocional. O marido era um cristão ferrenho envolvido com lutas populares mexicanas que havia “adotado” sua atual esposa e se negava a conhecer o passado da mulher. Quando descobre sua história, ao mesmo tempo em que tem atingida a memória de seu pai, protagoniza a cena do quadro “Unos Cuantos Piquetitos”, e uma quarta história começa a se desenvolver.
O “Dia dos Mortos” associado a esses casos de extremo descontrole entre homens e mulheres, revela como as pessoas abdicam de suas vidas para relembrar a memória dos falecidos, ou negá-las. Não importa. O que marca é a forte presença dos espíritos como se realmente estivessem vivos e felizes, seja na memória ou em aparições, dando o contraponto com os personagens de carne e osso da montagem. Parecem todos mortos, a não ser pelo coração que insiste em bater e transparecer sentimentos. Com a mesma intensidade está presente a personalidade de Frida, e suas principais passagens na vida. Como o tempo em que passou em Nova York, o acidente na adolescência e sua alegria com festas populares.
“Pincéis e Facas” concorre em algumas categorias no Troféu Gralha Azul que faz parte do circuito de eventos alternativos do Festival de Teatro de Curitiba deste ano, e teve o fim de sua temporada no último domingo (25). Mesmo com as mais diversas adaptações feitas sobre a vida de Frida Kahlo (que já ganhou desde produção hollywoodiana, até história em quadrinhos italiana), a peça tem importante papel na manutenção da memória da pintora mexicana. Iguala diferentes realidades para justificar os fins da utilização dos pincéis e das facas, sempre buscando a libertação da alma.
Taiguara... Em uma rápida passada pelos allmusic, clickmusic e wikipedia da vida já dá para ter uma idéia de quem foi esse músico. Uruguaio, chegou ao Brasil com apenas quatro anos de idade em 1949. Passou sua infância e adolescência no Rio de Janeiro e São Paulo. Viveu um dos mais importantes períodos da música nacional e fez parte disso. Largou a faculdade de Direito, foi viver de suas canções em uma época propícia para um risco desses e sua juventude colaborou bastante para que desse certo. Como boa parte dos jovens músicos da época, participou dos festivais tradicionais, ganhou destaque nas décadas de 60 e 70 com músicas fáceis que logo caíram no gosto popular. Mais tarde se dedicou ao experimentalismo, gravou com Hermeto Pascoal, conquistou novos ares e fãs. Morou em diversos países (Inglaterra, Etiópia, França, Tanzânia) e utilizou essas referências a serviço da MPB. Na década de 80 perdeu notoriedade, gravou um disco em 1984 e somente dez anos depois voltou com um novo (e último) registro. Morreu em 1996.
Suas idas e vindas por diferentes países aconteceram graças aos auto-exílios que o músico fez. A ditadura apertava o cerco em suas composições, e ele foi um dos nomes mais censurados da época. Chegou ao ponto de colocar sua esposa como autora das músicas. Sofreu com isso, mas mesmo assim continuou adiante, estudou música em Londres, gravou um disco para o mercado gringo e voltou para passar mais alguns anos no Brasil. Mas ja era tarde e seu tempo tinha passado...
Em 2006 suas filhas começaram uma espécie de movimento virtual para agregar admiradores, músicos e jornalistas e resgatar a obra de Taiguara. Deu certo. Vários fãs entraram nas comunidades do orkut, com discussões e trocas de informações. Raras gravações surgiram, imagens de shows eram acessadas no You Tube e lentamente o músico e compositor foi retomando seu merecido espaço na história da MPB. Sua memória e mensagem voltavam a viver.
Até a última segunda-feira. Quando a censura novamente atravessou o caminho de Taiguara, e roubou do público o direito de conhecer ou relembrar sua obra. Desta vez não foi o governo militar, DOPS ou conservadores em geral que fizeram vista grossa nas letras e composições revolucionárias do músico. Agora o motivo foi estúpido, burro e mais baixo que a censura militar. O responsável por essa atitude deplorável foi um jovem executivo, namorado de uma famosa modelo e apresentadora que não gostou de ver um filme circulando por toda rede, com imagens suas colocando sargaço no calção para "aliviar" o ardor depois de uma transa na água salgada, filmada por um paparazzi nos mínimos detalhes. Artimanhas legais decidiram que os brasileiros deveriam ter o acesso ao site You Tube cortado... graças ao senhor "pentelhos-de-algas". Seriam cortadas e podadas boa parte das memórias disponibilizadas para qualquer um assistir, conhecer, se apaixonar e evoluir. Inclusive os registros de Taiguara. Durou pouco, no dia seguinte todos retomavam o acesso normal, mas deu medo. Um civil qualquer ganhou poderes de generais, coronéis e falsos presidentes, atingindo a milhões de brasileiros e levou o absurdo tema da censura de volta para as discussões em pleno 2007.
Medo nacional. Piada mundial.
Taiguara é só um nome, um músico, uma história e detalhe no meio de todo nosso desenvolvimento musical. Só um entre vários...
Tá certo. Em meio as mais absurdas teorias e justificativas para tentar apontar erros e acertos no jornalismo musical, alguns detalhes ou simples observações acabam mudando completamente o rumo das discussões...
Na introdução do livro "The Da Capo Book of Rock & Roll Writing", Clinton Heylin - organizador da coletânea que reúne as principais críticas músicais escritas - dá uma pincelada em um fato meramente ilustrativo, mas que merece ser aprofundado...
O jornalismo musical como conhecemos (sem contar as críticas e ensaios dedicados à música clássica presentes desde os primórdios das publicações do gênero), nasceu com o rock'n roll. Óbvio, né? Segundo ele o primeiro fanzine surgiu em meados da década de 60 e para uma alternativa dessas ter início cerca de dez anos depois que Chuck Berry incendiou as pistas de dança, dá para imaginar em que pé andava a crítica musical daqueles anos.
Mas não é este o foco. A idéia é igualar os papéis. A imprensa musical e a música pop dependem uma da outra, e nasceram juntas. Continua óbvio e redundante, certo? Então por que insistem em apontar diferentes caminhos e vertentes para a música, obrigando o artista a: a) ser comercialmente viável, b) ser original, c) revolucionar, d)experimentar, e) n.d.a. ou todas elas?
Jovens músicos surgem com a pressão de apresentar um trabalho novo e criativo, pensando em agradar e chamar atenção de um jornalismo acomodado, quadrado e que envelheceu antes da hora. A pressão deveria ser dos dois lados. Assim como a música tem "n" caminhos para experimentar, melhorar e se renovar, o jornalismo musical também. Seja ele "maravilhado e hypado" com as novidades ou ainda preso no lead e sub-lead.
Parece uma idéia de militante-neo-hippie-que-não-entende-o-sistema... longe disso. É só uma maneira de equilibrar a relação. Já que ambos têm a mesma idade e um depende do outro para sobreviver, qual o problema em equilibrar a história? Só não vale nivelar por baixo, ou levar em consideração o caráter comercial... porque de textos à altura do trabalho dos "CPMs 22" e "Pittys" da vida, nós já estamos saturados.
É estranho.
Lembro que criei um blog no início da faculdade de jornalismo para besteirol existencial... era o "Nu na frente do computador". Logo após que desencanei dessa história de "blog", ou pior, de fazer parte da infâme "blogosfera" eu nao imaginava que um ano após formado, eu iria apelar para seus recursos novamente.
Sim, blog está na moda. Mas serve para liberar os demônios profissionais presos em nosso cotidiano... por isso retorno para a "blogosfera"...
Para quem acompanhar os posts futuros, um aviso: tenho problemas com vírgulas, crases, sou subjetivo e estou cagando para convenções. Este espaço é para mistura de idéias musicais, e demais assuntos culturais.... Não pretendo me filiar a nada ou levantar qualquer bandeira do tema.... mas aqui a música será levada a sério.
É diversão. É. Mas envolve esforço dos músicos (nacionais, internacionais, independentes, hypados, experimentais...) e dinheiro. Essas coisas não são brincadeiras e merecem o mínimo de respeito e atenção.
A vontade que dá é de lançar um manifesto. "Manifesto Mixtype". Pelo fim das pautas baseadas em agendas e serviço. Pelo fim dos textos caretas, quase matemáticos que tratam friamente o assunto. Pela extinção da esquizofrenia que atinge boa parte das redações de jornais, revistas e sites espalhados pelo país. Pela aniquilação da "máquina", do "sistema" e de demais mecanismos que têm a tecnocracia como herança. Pela malandragem, sagacidade, jovialidade e simplicidade. Inocência nunca é demais, e se for pra quebrar a cara... que seja divertido...
Mas esse lance de "manifesto" é piegas demais.
Aqui você encontrará uma série de idéias e teorias aleatórias, prontas para serem disctutidas. Já que o principal mote dessas novas ferramentas virtuais é a interação, sinta-se a vontade para meter o bedelho onde achar necessário.
... e volte sempre.
ps. o trocadilho infâme "mixtype" não precisa ser explicado né? "mixtape", "mixtype"....